Eleição em 14 de junho de 2025
Clube Literário
Entidade Literária visando a divulgação da literatura gravataiense
quarta-feira, 7 de maio de 2025
sexta-feira, 24 de abril de 2020
COLUNA EDUARDO JABLONSKI
Se os autores do Clube Literário de Gravataí, principalmente, quiserem mandar seus livros em pdf para que escrevamos a respeito, o e-mail é evjj1969@gmail.com ou pelo Whats (51) 995782395.
**********************************************************************************A Conquista, de Coelho Neto
Eduardo Jablonski
Professor
Ao contrário do que dizem os manuais de literatura do ensino
médio, o escritor pré-modernista maranhense Coelho Neto não é apenas um
romancista que gostava de usar termos raros, esquisitos e mortos. É verdade que
emprega algumas palavras eruditas, mas suas obras são do século XIX, quando se
falava uma língua portuguesa diferente da atual. Como ressalta a linguística,
os idiomas se modificam no decorrer do tempo. Quem sabe a língua de José
Saramago fosse mais ou menos daquela forma em 1899, quando Coelho Neto lançou o
romance A Conquista.
Trata-se de um livro que prende o leitor do início ao fim,
como os romances de Borges Netto e de Fernando Medina (dois companheiros do
Clube Literário de Gravataí). Sua temática é variada, aborda o dia a dia de
escritores que tentam viver de literatura num Brasil com 95% da população
analfabeta. Alguns deles, como ainda hoje acontece, resolvem destinar seus
textos à imprensa, para ter como se sustentar. Mas o jornalismo de então era
precário e incipiente. Como pano de fundo, se desenvolve a batalha para a
Abolição da Escravatura.
A história se dá talvez no mesmo ano da Abolição, 1888, e o
nome do jornalista José do Patrocínio é exaltado como um herói nacional. A
literatura tem esse poder de registrar um momento da história, o que acontecia
nos bastidores da política, do jornalismo e da literatura.
Outro detalhe importante a ressaltar é a malandragem de
Coelho Neto. A Conquista está repleta de piadas e frases de humor. É quase um
livro cômico. Lendo esse romance, dá para entender por que dizem que Coelho
Neto publicou perto de uma centena de romances.
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O CABELEIRA 1876
Eduardo
Jablonski
Professor
Em 1876, o cearense Frankling Távora
publicou um romance histórico sobre o que talvez tenha sido o primeiro
cangaceiro do Nordeste, o Cabeleira, enforcado cem anos antes. O argumento, portanto, é real, conta a
história de José Gomes, que se transformou num bandido por causa do seu pai,
Joaquim, que o ensinava a matar. No meio da narrativa, o autor emite opinião
sobre a maldade humana (1876, p. 18), e fica um tanto ridícula essa intromissão
do narrador. Sugere que o menino nasceu com bom coração (dentro do senso comum
de Rousseau, a teoria do bom selvagem), mas foi influenciado pelo meio e por
seu pai. Tal colocação quase faria com que o livro ingressasse na escola
naturalista, mas alguns posicionamentos melodramáticos o definem como
romântico. A mãe de José mostra racismo ao dizer que pelo menos o filho não era
negro como o pai (TÁVORA, 1876, p. 19). Luisinha se engraça pelo menino José,
que lhe pergunta se ela gostaria de se casar com ele. Luisinha diz que casaria
se José parasse de fazer mal aos bichinhos e bater nos meninos (TÁVORA, 1876,
p. 25). O desejo da moça terá repercussão no final da história, porque
transformou o caráter do cangaceiro. O romantismo também se dá no fato de criar
a personagem pai totalmente má, enquanto a mãe era totalmente boa. Não se trata
de seres humanos realistas, como os de Machado de Assis.
Alguns professores de Letras podem
pensar que os clássicos da literatura nacional têm importância apenas como
registros históricos, mas isso está longe de ser verdade. Basta ler os livros,
para sentir a força que cada um tem. Um é melhor que o outro no sentido de
prender o leitor. Quando Cabeleira começa com as matanças, o livro passa a
ficar empolgante como uma história de aventura. Luisinha, por exemplo, vai
pegar água num poço mais longínquo e um homem tenta estuprá-la. Então aparece
sua mãe para protegê-la. O homem a agride com violência e dá a impressão em
Luisinha de que a mãe Florinda havia morrido (naquele momento, não, só depois).
Luisinha descobre que o homem era Cabeleira, seu amigo e amor de infância. Este
a liberta e vai proteger o esconderijo dos cangaceiros e termina matando, junto
de seus colegas, a quatro homens de bem.
É comum o romancista fazer a narração
ficar tensa, atrair a atenção do leitor e, estranhamente, mudar de assunto,
cambiar o foco e passar a tratar de outro tema. Muitos fazem isso, talvez a
maioria. O que conseguem é apenas esfriar a expectativa do leitor, talvez até
fazê-lo desinteressar-se.
Depois de Cabeleira parar de matar e
jogar suas armas num lago, promessa que fez a Luísa, esta morre, e um pelotão
de militares e sertanejos vão ao encalço do bandido. Aqui muda o foco da
narrativa. Um sertanejo chamado Marcolino promete a si próprio que caçará o
cangaceiro e começa a persegui-lo. Cabeleira estava com fome e pensou em matar
um homem para roubar-lhe a comida. Mas lhe apareceu Luísa numa visão lhe
rogando que não o matasse, e Cabeleira obedeceu à visão da sua amada.
No final do livro, depois de
Cabeleira ser enforcado, o autor faz longa defesa de bandidos, afirmando que a
Pena de Morte não contribuiu em nada com a diminuição da criminalidade no Norte
e no Nordeste brasileiros. Parecia um petista defensor dos Direitos Humanos
para bandidos, mas ele escreveu tal declaração em 1876. Enfim, é um clássico e
vale a pena lê-lo.
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GUERRA E PAZ, DE TOLSTOI
A melhor forma de conhecer uma cultura estrangeira é vivendo alguns
anos em outro país. Porém, quando a pessoa não tem essa condição, outra
possibilidade seria lendo os clássicos da literatura daquele país. Guerra e Paz
(1865), de Liev Tolstoi, com 1531 páginas, conta a história da invasão de
Napoleão na Rússia entre 1812 e 1814. Há várias curiosidades do povo russo.
Uma delas é que a classe nobre falava francês. Quando estavam conversando,
lá pelas tantas, mudavam para a língua de Flaubert. Era um costume um tanto
esnobe, mas que os russos gostavam de fazer. A narrativa se desenvolve com
longos diálogos e enfocam a família do príncipe André, seu pai e a irmã Maria.
Outro detalhe é que Napoleão proibia os soldados franceses de saquear e
roubar as residências dos russos ou estuprar as suas mulheres. Se eles
desejassem comida para os soldados, entravam numa fazenda, solicitavam
alimento e pagavam por isso. É surpreendente, porque se tratava de uma
guerra. Para exemplificar, as invasões dos vikings na Inglaterra foram
marcadas por mortes, roubos e estupros. Mas, enfim, trata-se de um clássico e
vale a pena andar por todas as 1531 páginas. Anos atrás, um diretor de
redação de uma revista de Porto Alegre dizia que um candidato a escritor
precisava ler Tolstoi se quisesse aprender a como escrever com frases curtas.
E Dostoievski uma vez foi pego copiando Guerra e Paz, porque desejava
aprender o estilo do mestre Tolstoi.
Eduardo Jablonski
Professor
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PEDRO PÁRAMO, JUAN RULFO
Eduardo Jablonski
Professor
Numa entrevista para
televisão, Carlos Fuentes disse que Dom Casmurro, 1899, de Machado de Assis,
era o melhor romance latino-americano do século XIX e que Pedro Páramo,1955, de
Juan Rulfo, ocupava o mesmo posto no século XX. Pois Pedro Páramo é uma novela
curta. Uma edição disponível na internet soma apenas 68 páginas. Conta a
história de Juan Preciado, filho de Dolores. A mãe pede ao filho que vá a
Comala, uma cidade fictícia, para encontrar a seu pai, Pedro Páramo. Chegando
lá, Juan percebe que muitos são filhos de Pedro. A cidade está abandonada.
Encontra Eduviges, que vê espíritos, e
Juan também começa a encontrá-los. A construção narrativa é diferente, porque
aparecem cenas e conversas de outros personagens, tudo sem aviso. É como se a
narrativa tivesse um fio condutor, mas fosse recortada por diversos trechos ou
recortes, como um mosaico. Carlos Fuentes revelou ter perguntado a Rulfo onde
aprendera essa forma de narrar ou se a inventara, e o escritor lhe disse que
lia muito os romancistas nórdicos, isto é, da Suécia, Suíça, Finlândia e
Noruega, e eles escreviam assim. O interessante é que o escritor mexicano Juan
Rulfo é mundialmente conhecido apenas por essa novela. Ao longo de sua carreira,
publicou somente outros dois livros: El llano en llamas e El gallo de oro.
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SÉRGIO SANT’ANNA, OUTRA
VÍTIMA DO CORONAVÍRUS
A Conquista, de Coelho Neto
Professor
Trata-se de um livro que prende o leitor do início ao fim,
como os romances de Borges Netto e de Fernando Medina (dois companheiros do
Clube Literário de Gravataí). Sua temática é variada, aborda o dia a dia de
escritores que tentam viver de literatura num Brasil com 95% da população
analfabeta. Alguns deles, como ainda hoje acontece, resolvem destinar seus
textos à imprensa, para ter como se sustentar. Mas o jornalismo de então era
precário e incipiente. Como pano de fundo, se desenvolve a batalha para a
Abolição da Escravatura.
A história se dá talvez no mesmo ano da Abolição, 1888, e o
nome do jornalista José do Patrocínio é exaltado como um herói nacional. A
literatura tem esse poder de registrar um momento da história, o que acontecia
nos bastidores da política, do jornalismo e da literatura.
Outro detalhe importante a ressaltar é a malandragem de
Coelho Neto. A Conquista está repleta de piadas e frases de humor. É quase um
livro cômico. Lendo esse romance, dá para entender por que dizem que Coelho
Neto publicou perto de uma centena de romances.
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O CABELEIRA 1876
Eduardo Jablonski
Professor
Em 1876, o cearense Frankling Távora
publicou um romance histórico sobre o que talvez tenha sido o primeiro
cangaceiro do Nordeste, o Cabeleira, enforcado cem anos antes. O argumento, portanto, é real, conta a
história de José Gomes, que se transformou num bandido por causa do seu pai,
Joaquim, que o ensinava a matar. No meio da narrativa, o autor emite opinião
sobre a maldade humana (1876, p. 18), e fica um tanto ridícula essa intromissão
do narrador. Sugere que o menino nasceu com bom coração (dentro do senso comum
de Rousseau, a teoria do bom selvagem), mas foi influenciado pelo meio e por
seu pai. Tal colocação quase faria com que o livro ingressasse na escola
naturalista, mas alguns posicionamentos melodramáticos o definem como
romântico. A mãe de José mostra racismo ao dizer que pelo menos o filho não era
negro como o pai (TÁVORA, 1876, p. 19). Luisinha se engraça pelo menino José,
que lhe pergunta se ela gostaria de se casar com ele. Luisinha diz que casaria
se José parasse de fazer mal aos bichinhos e bater nos meninos (TÁVORA, 1876,
p. 25). O desejo da moça terá repercussão no final da história, porque
transformou o caráter do cangaceiro. O romantismo também se dá no fato de criar
a personagem pai totalmente má, enquanto a mãe era totalmente boa. Não se trata
de seres humanos realistas, como os de Machado de Assis.
Alguns professores de Letras podem
pensar que os clássicos da literatura nacional têm importância apenas como
registros históricos, mas isso está longe de ser verdade. Basta ler os livros,
para sentir a força que cada um tem. Um é melhor que o outro no sentido de
prender o leitor. Quando Cabeleira começa com as matanças, o livro passa a
ficar empolgante como uma história de aventura. Luisinha, por exemplo, vai
pegar água num poço mais longínquo e um homem tenta estuprá-la. Então aparece
sua mãe para protegê-la. O homem a agride com violência e dá a impressão em
Luisinha de que a mãe Florinda havia morrido (naquele momento, não, só depois).
Luisinha descobre que o homem era Cabeleira, seu amigo e amor de infância. Este
a liberta e vai proteger o esconderijo dos cangaceiros e termina matando, junto
de seus colegas, a quatro homens de bem.
É comum o romancista fazer a narração
ficar tensa, atrair a atenção do leitor e, estranhamente, mudar de assunto,
cambiar o foco e passar a tratar de outro tema. Muitos fazem isso, talvez a
maioria. O que conseguem é apenas esfriar a expectativa do leitor, talvez até
fazê-lo desinteressar-se.
Depois de Cabeleira parar de matar e
jogar suas armas num lago, promessa que fez a Luísa, esta morre, e um pelotão
de militares e sertanejos vão ao encalço do bandido. Aqui muda o foco da
narrativa. Um sertanejo chamado Marcolino promete a si próprio que caçará o
cangaceiro e começa a persegui-lo. Cabeleira estava com fome e pensou em matar
um homem para roubar-lhe a comida. Mas lhe apareceu Luísa numa visão lhe
rogando que não o matasse, e Cabeleira obedeceu à visão da sua amada.
No final do livro, depois de
Cabeleira ser enforcado, o autor faz longa defesa de bandidos, afirmando que a
Pena de Morte não contribuiu em nada com a diminuição da criminalidade no Norte
e no Nordeste brasileiros. Parecia um petista defensor dos Direitos Humanos
para bandidos, mas ele escreveu tal declaração em 1876. Enfim, é um clássico e
vale a pena lê-lo.
A melhor forma de conhecer uma cultura estrangeira é vivendo alguns
anos em outro país. Porém, quando a pessoa não tem essa condição, outra
possibilidade seria lendo os clássicos da literatura daquele país. Guerra e Paz
(1865), de Liev Tolstoi, com 1531 páginas, conta a história da invasão de
Napoleão na Rússia entre 1812 e 1814. Há várias curiosidades do povo russo.
Uma delas é que a classe nobre falava francês. Quando estavam conversando,
lá pelas tantas, mudavam para a língua de Flaubert. Era um costume um tanto
esnobe, mas que os russos gostavam de fazer. A narrativa se desenvolve com
longos diálogos e enfocam a família do príncipe André, seu pai e a irmã Maria.
Outro detalhe é que Napoleão proibia os soldados franceses de saquear e
roubar as residências dos russos ou estuprar as suas mulheres. Se eles
desejassem comida para os soldados, entravam numa fazenda, solicitavam
alimento e pagavam por isso. É surpreendente, porque se tratava de uma
guerra. Para exemplificar, as invasões dos vikings na Inglaterra foram
marcadas por mortes, roubos e estupros. Mas, enfim, trata-se de um clássico e
vale a pena andar por todas as 1531 páginas. Anos atrás, um diretor de
redação de uma revista de Porto Alegre dizia que um candidato a escritor
precisava ler Tolstoi se quisesse aprender a como escrever com frases curtas.
E Dostoievski uma vez foi pego copiando Guerra e Paz, porque desejava
aprender o estilo do mestre Tolstoi.
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Eduardo Jablonski
Professor
Outro grande escritor morto
devido ao coronavírus foi Sérgio Sant’Anna, aos 78 anos. Nascido no Rio de
Janeiro, completou 50 anos de carreira literária e era um dos poucos a
conseguir viver somente de literatura, o que é raro no Brasil. Publicou um
pouco mais de 20 livros, em geral contos, novelas ou romances. Em 1997, a Cia
das Letras publicou seus Contos e Novelas
Reunidos. As narrativas trazem um estilo único: um texto de fácil
compreensão, não há palavras difíceis, nem os palavrões abundantemente usados
pelos cariocas no dia a dia (por essa razão o atual Presidente foi pego dizendo
muitos palavrões, porque todos os cariocas, e são todos mesmo, agem assim: não
conseguem dizer uma frase sem um ou dois palavrões). Apesar disso, por causa de
algumas menções, o leitor entra em contato com a cultura e a geografia do seu
estado natal, o Rio de Janeiro. Além de ter muitas histórias importantes, uma
que chama a atenção é “Miss Simpson”. Trata-se de uma novela sobre uma turma de
estudantes de inglês. O narrador é Pedro Paulo, que se separou de Antonieta,
com quem têm dois filhos. Todos os alunos homens do curso acabam se relacionando
sexualmente com a professora. Pedro Paulo transa com a ex-mulher e com a babá
dos filhos, além da professora. Uma das personagens é Matoso, um homossexual.
Há forte preconceito contra os gays. Inclusive o narrador contou uma briga a
socos por causa dele. A história inteira é envolvente e não deixa o leitor
parar de ler, como os livros de Borges Netto. Mas o desfecho é surpreendente,
como desejava Edgar Allan Poe.
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Melhor escritor
do Chile morre de coronavírus
Eduardo
Jablonski
Professor
Luís
Sepúlveda talvez fosse o melhor escritor atual do Chile, e isso é algo
importante, porque se trata de um povo culto (34% da população tem nível
superior, enquanto apenas 21% dos brasileiros se formaram, e os chilenos leem,
em média, 5,6 livros por ano, e os brasileiros não passam de 2). Chile já teve
Gabriela Mistral como Prêmio Nobel. O Brasil nunca recebeu essa distinção,
embora merecesse com Machado de Assis, Guimarães Rosa, Clarice Lispector e hoje
Carlos Nejar. Pois Luís Sepúlveda morreu no dia 16 de abril de 2020 de
coronavírus aos 71 anos. Interessante da sua biografia é que trabalhou como
guarda-costas do Presidente Salvador Allende. Por isso se supõe que devesse
dominar artes marciais. Houve um brasileiro faixa preta de judô, Paulo
Leminski, e um americano lutador de boxe, Ernest Hemingway. Dizem que Sócrates,
Platão e Aristóteles dominavam a luta greco-romana.
Um
dos livros mais famosos de Luís Sepúlveda é El
viejo que leía novelas de amor,
publicado em 1989. É o que um brasileiro chamaria de novela mesmo, porém a
novela em espanhol é o romance do português. Existe uma diferença entre os dois
gêneros. Novela, em Português, é uma história de umas 80, 90 páginas, com
poucos personagens, um foco narrativo e alguns obstáculos. Um romance teria no
mínimo 130 páginas, um número maior de personagens, vários focos narrativos se
entrelaçando e muitos obstáculos.
Então
El viejo que leía novelas de amor é uma novela, conta a história de um velho que
vivia na floresta Amazônica sozinho e cujo divertimento era ler romances de
amor. A narrativa fala um pouco da convivência com os índios e detalhes do
cotidiano da floresta. É um enredo que valoriza pequenos detalhes do dia a dia.
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A testemunha, de Fernando
Medina
Eduardo Jablonski
Professor
Harold Bloom, o autor de Cânone Ocidental, disse que um livro bom
é aquele que fica na memória. Já havíamos escrito sobre essa A Testemunha, de Fernando Medina, para o
livro Literatura Contemporânea de Gravata
I (2016) e o conto que dá nome à produção é uma obra-prima. Muitas
lembranças nos trouxe diversas vezes em outras oportunidades, quando líamos
outros escritores ou estudávamos filosofia. É uma história de tensão e não dá para
largá-la. Fica-se angustiado desde quando o taxista pega um passageiro, e este
lhe pergunta – “O que faria se soubesse que tua esposa o está traindo?”
(MEDINA, 2015, p. 15), na expectativa do que vai acontecer. Uma vez Osvaldo França
Júnior disse que um relato de qualidade precisaria funcionar como um soco na
barriga. É mais ou menos o que se sente lendo esse trabalho. Não contamos o
resto, porque vale a pena comprar e ler o livro. O Whats do autor é (51)
99139.7952.
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Ângela
Xavier
Eduardo Jablonski
Professor
A história dos Lanceiros
Negros, que foram traídos pelos heróis farroupilhas e travaram a última batalha
da Revolução no dia 28 de novembro de 1944, no local onde hoje fica a cidade de
Arroio Grande, é tema de um belo e emocionante livro de Ângela Xavier, O Lanceirinho Negro, publicado pelo
Clube Literário de Gravataí em 2019. A obra foi elaborada para crianças e conta
a história de um menino negro que um dia gostaria de ser professor de História,
para repassar aos alunos o que aprendia com sua avó sobre a cultura negra e os
Lanceiros Negros. Ângela Xavier é formada em Letras e fez especialização em
História e Cultura Afro-brasileira e Etnologia Indígena. Além de ter feito a
apresentação do livro de crítica literária Deusas
da Poesia, que será lançado em breve pela Class, também está na fase final
de um romance que fala sobre homossexualismo e empoderamento da mulher e do
negro, seus temas de pesquisa.
Outro grande escritor morto devido ao coronavírus foi Sérgio Sant’Anna, aos 78 anos. Nascido no Rio de Janeiro, completou 50 anos de carreira literária e era um dos poucos a conseguir viver somente de literatura, o que é raro no Brasil. Publicou um pouco mais de 20 livros, em geral contos, novelas ou romances. Em 1997, a Cia das Letras publicou seus Contos e Novelas Reunidos. As narrativas trazem um estilo único: um texto de fácil compreensão, não há palavras difíceis, nem os palavrões abundantemente usados pelos cariocas no dia a dia (por essa razão o atual Presidente foi pego dizendo muitos palavrões, porque todos os cariocas, e são todos mesmo, agem assim: não conseguem dizer uma frase sem um ou dois palavrões). Apesar disso, por causa de algumas menções, o leitor entra em contato com a cultura e a geografia do seu estado natal, o Rio de Janeiro. Além de ter muitas histórias importantes, uma que chama a atenção é “Miss Simpson”. Trata-se de uma novela sobre uma turma de estudantes de inglês. O narrador é Pedro Paulo, que se separou de Antonieta, com quem têm dois filhos. Todos os alunos homens do curso acabam se relacionando sexualmente com a professora. Pedro Paulo transa com a ex-mulher e com a babá dos filhos, além da professora. Uma das personagens é Matoso, um homossexual. Há forte preconceito contra os gays. Inclusive o narrador contou uma briga a socos por causa dele. A história inteira é envolvente e não deixa o leitor parar de ler, como os livros de Borges Netto. Mas o desfecho é surpreendente, como desejava Edgar Allan Poe.
Eduardo
Jablonski
Professor
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CRÔNICAS DO DR. NICANOR
Eduardo Jablonski
Professor
Luiz
Nicanor é o Patrono da Literatura Patrulhense. Por enquanto, publicou nove
obras, entre poesia, crônicas e contos, mas é o mais significativo e dedicado
autor da região. Sua antologia de crônicas De ontem e de antanho,
publicada em 2016, é uma recapitulação da sua vida como estudante de medicina,
médico e intelectual, e também do seu pai, o Dr. Bonifácio, que parece quase
xérox do filho, o Dr. Nicanor. Ambos tinham as mesmas características. Seguindo
o formato da crônica de humor praticada por Stanislaw Ponte-Preta, Lourenço
Diaféria, Paulo Mendes Campos e Luiz Fernando Verissimo, os textos do Dr.
Nicanor prendem da primeira à última linha. A forma como o adolescente Luiz
Nicanor foi a Tramandai pela primeira vez é hilariante, tomou o ônibus, foi de
calças e sapatos, não sabia para onde era a praia e acabou não vendo o mar,
porque ficou envergonhado de conferir a informação com as pessoas. Na segunda
vez, andou até a praia, mas de calças, sapatos e camisa social. Alguém da sua
família levou 50 anos para ver o mar, embora vivesse em Santo Antônio da
Patrulha. Há várias histórias de estudante carente que, com muito esforço, se
formou em Medicina na UFRGS. Isso prova que dá para vencer na vida, mesmo não
tenho condições, como foi o caso.
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CLEBER PACHECO
Por Eduardo Jablonski
Professor
sexta-feira, 9 de agosto de 2019
DICIONÁRIO BIOBIBLIOGRÁFICO
Da esquerda para a direita: Prof. Getúlio Osório (Museu Agostinho Martha), escritores Eloah Jansen, Maria Dinorah e Borges Netto.
Ângela Maria Xavier Freitas é natural de Porto Alegre-RS. Escritora,pesquisadora e professora, possui descendência africana e também ascendência indígena. Graduada em Letras com Especialização em História e Cultura Afro-brasileira. Também atua como diretora de teatro estudantil, tendo recebido em 2018, em um Festival Estudantil no Rio Grande do Sul, o troféu Desconstrucão da História Oficial com a esquete Lanceiros Negros.
Autora dos contos infantis Lanceirinho Negro e Lanceirinho Negro/Herança de Porongos, suas obras abordam temáticas ligadas à representatividade e combate ao racismo. Integrante dos coletivos profes pretas e Educação antirracista do Rio Grande do Sul.
Atualmente ocupa o cargo de presidente Clube Literário
de Gravataí.
Antônio Veiga da Silva
Beatriz Minuzzo
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25. A Gata Carmelita – Contos – 2020;
-Entre o Sonho e a Realidade – Contos – 2017;

Sempre curti a caçada implacável das boas poesias e a arte de declamar. Isso nunca foi trabalho para mim, mas pura diversão. Assim, fui dando permissão para as poesias invadirem a minha alma de homem que foi menino pobre que nem rato de igreja, e que não conheceu o pai.
O que não sabia é que as inocentes poesias entrariam em guerra com as minhas preocupações do labirinto da vida e que, através das palavras, meigas, alegres ou não, rimadas e até sacanas, expulsariam 90% das minhas preocupações.
Tudo isso, mais leituras e viagens, me impulsionaram a escrever, declamar e carregar na mente um punhado de poesias que amo, e que, de certa forma, contam uma história envolvente e única, assim como é a vida de cada leitor.
Eis aí, meu quarto filho-livro: Ler Faz Bem, Declamar Também.

A dita inspiração foi colhida nas sombras perfuradas com o sol do dia-a-dia, nas lembranças de primavera distantes, na fala das diaristas, nos pesadelos... Porém essa massa literária fictícia traz, no seu bojo, a pretensão de mergulhar nas coisas que se relacionam e mexem com a nossa sonhada felicidade, visando a apresentar algo com cheiro de novo, que instigue e nos remeta às questões da nossa própria vida.
São outros ângulos pelos quais se podem observar e analisar situações corpóreas ou abstratas. Contudo sempre existirão novas frestas, outros olhares e infinitos entendimentos.
Você, leitor, é, e sempre será o verdadeiro juiz deste esforço literário, que eu chamo de "Entre o Sonho e a Realidade".
A força de vontade de vencer deve brilhar como um raio de sol na água cristalina. Também deve ser como o calor do sol, que não cansa de evaporar a água do mundo, para que ela volte na forma de chuva e entranhe nas veias da terra para bombear a vida. Sim, e flertando com o prazer, a razão e a alegria.
Cada ponto é um silencioso e profundo diálogo com o leitor. Ora engraçado, poético, ora abraçado a questões atuais. São criações que o instigam a divertir-se, a preservar a natureza, a brincar com as palavras e a ser mais feliz.
Eis aí, Eva teve um Filho.
Cuide bem dele.
Edílio nasceu 27 de novembro de 1926, em Gravataí, cidade que o respeita e que o homenageou com a distinção máxima da Literatura, o título de Patrono da Feira do Livro, em1998, quando lançava seu quarto livro, Sonhos e Devaneios. Na semana da homenagem em praça pública, tamanha foi a emoção, que o coração não resistiu e foi submetido a uma cirurgia cardíaca, recebendo o implante de três pontes de safena. Na homenagem durante a XIII Feira do Livro, na Praça Dom Feliciano, foi representado pelo amigo de letras Borges Netto, que após o evento levou ao hospital as imagens colhidas na praça, dando a Edílio a certeza da importância de seus versos para a literatura local. E o poeta decidiu não aposentar-se. E por negar-se a isso é que lançou, aos 74 anos, mais um livro: Pedaços de Ilusões.
"— Parece que a literatura imita a vida. Aqui estou, um homem adulto, para não dizer velho, na companhia de uma jovem trinta anos mais nova.
— Isto é tão normal. As mulheres jovens preferem homens mais velhos por trazerem segurança.
..........................
Obras do Autor
Gérson é graduado em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde também estudou Física.
Tendo herdado dos pais e avós o amor pela cultura gaúcha, Marco Antônio Dutra mantém viva a centelha do tradicionalismo na região metropolitana. profundo conhecedor da métrica poética dos estilos de sua região, o autor é um dos mais requisitados avaliadores para os concursos de poesias. Também é professor e declamador.
..................................
Olavo José de Freitas, de origem humilde, já na infância conheceu de perto o sofrimento e a miséria, tendo perdido, aos cinco anos de idade, seus pais.
Falecido em 09 de
setembro de 1995, Paulo Fink era natural de Harmonia/RS. Foi professor em Gravataí nas
escolas Dom Feliciano, Maria Josefina Becker e Nossa Senhora dos Anjos. Bacharel
licenciado pela PUC/RS. Foi autor de 17 livros, três que
objetivaram esclarecer o idioma português.
Sócio fundador da Associação Literária de Gravataí com mandato de vice-Presidente.
"Dócil, educado, calmo, aparência cândida, a comunidade gravataiense perdeu o seu político, vice-Prefeito, amigo, e antes de tudo, o poeta que todos os dias transmitia um pouco de poesia até mesmo em seu olhar, de quem esperava sempre alguma coisa que estava em sua direção, porém distante.
A morte veio pelo coração, daquele que dava vida aos seus personagens pelo seu tato e sensibilidade. amigos mais chegados comentaram que o vice-Prefeito de Gravataí deve ter morrido muito feliz, pois como gremista e bicampeão da América chegando a despachar com a camiseta do Grêmio, quando assumiu interinamente como prefeito, uma semana antes da sua morte na viagem de Edir Oliveira, além disso, o poeta estava de casamento marcado para breve."
Folha do Vale, 27.09.1995 p3
Imagens: Acervo Folha do Vale
"Quando na extremidade de minha vida
Quero que tu, ó minha amada
Me cubra de beijos macios
Para encher os sentimentos vazios..."
(Pedro Paulo Fink)
1.Autografando para a Prof. Teresinha Bridi, 20.11.1987, na II Feira do Livro.Segundo informou o Sr. Albrecht Schott, Paulo Fink é o idealizador da Feira do Livro de Gravataí. E seu patrono em 1996, na XI Feira do Livro, pós morte.
Bibliografia:
- Tira Dúvidas da Língua Portuguesa (Não ficção - 1° volume 1985 - 2º e 3º volume 1986);
- Sim à Vida (romance - 1986);
- O Ramo da Esperança - 1987);
- A Testemunha (romance 1987);
- Nem Tudo São Flores na Vida de Um Craque (romance 1987)
- Amor, Princípio e Fim de Tudo (romance, 1987);
- Silvia, Inocente ou Culpada? (romance- provavelmente 1988);
- A Arca Poética (Poesia 1989)
- Cama, Mesa e Banho (poesia);
- Poesia Por Companhia (poesia);
- A Poesia por Rainha (poesia);
- A Poesia por Hobby (poesia);
- Poesia Para Datas Comemorativas (poesia);
A informação de que Paulo Fink tenha publicado 17 livros de não ficção foram retiradas do jornal Folha do Vale, edição de 27 de setembro de 1995 página 3. Entretanto não conseguimos localizar cinco destes títulos. O autor não tinha por hábito registrar a data de suas publicações.
Moradora de Gravataí dos anos 1980 à 2001. Trabalhou nas escolas
municipais: Presidente João Goulart, João Paulo II e Mário Quintana. Na rede estadual trabalhou na escola Morada
do Vale I (CIEP). Encerrou suas atividades na rede municipal de Porto Alegre, onde atuou de 1989
à 2010, na Escola Décio Martins Costa. Foi neste ano que lançou seu primeiro
livro. Já são 7 livros escritos, sua
preferência são os infantis. Tem participação em 3 coletâneas, uma com o Clube
Literário de Gravataí e 2 com a UBT de Porto Alegre.